POSTAGENS

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O CUSTO DE NÃO PERDOAR!

"O dia não foi muito claro, e nem será mais o mesmo! Ele se fechou, dissolveu e exalou, deixando-me, apenas, o teor de seu crepúsculo. Olhando pela janela, vejo a solidão vaguear no horizonte, no seu tenebroso, sombrio e misterioso isolamento! Minhas vistas se mostram cansadas, embaraçadas e confusas. Os lábios estão tomados de cola, e as mãos, tombadas sobre o prumo do pescoço. A visão é abusiva, sistemática, absurda e desleixada! O descontrole é total e cresce deliberadamente, tornando-se imenso! Também pudera! A ofensa recebida não tem perdão e nem preço! Garanto que nunca mais se adicionará a minha lista! O enfado e a chatice foram embora! Jamais incluir-me-arão os seus problemas! Minha posição e honra foram finalmente assumidas, porque fui mais ágil, mais forte e mais determinante que ele! Ninguém me passará mais as pernas! O aborrecimento, a ira e o tédio foram lançados para fora de minhas relações! Não existe mal nenhum, nem tropeço, nem desordem, nem acusação, nem mentira, nem dúvida, só glória! Isolei-me, incomuniquei-me, evitei-me, limitei-me e afastei-me de sua convivência! Lavei a minha honra! Não perdi, em nenhum momento, as minhas forças; não recuei ante ofensas, nem demonstrei medo algum; apenas coragem! Porém, meu inconsciente continua intranquilo e fraco, não sei bem o que é isso! A pouco fui arrogante, defensor, calculista, enobrecido e juiz! E agora estou perdido no meio do nada, no ermo e na amargura! O que me serão essas coisas? Minha desordem mental é imensamente estranha! Não tenho mais atitude, nem limite e nem compromisso com o mundo! Meu coração arde em chamas! É terrível! Sinto-me amarguradíssimo, vulnerável, sem graça, rejeitado, culpado e triste! Não consigo apagá-los de minhas entranhas! Meus amigos simplesmente desapareceram, deixando-me às custas dessa maldita cachaça! Estou bloqueado pelo meu ofensor que me agrediu psicologicamente! Bebo em prol dele, ora pro bem dele ora pro mal dele! Estou confuso demais! Por que isso agora? Fui eu que sofri danos, acusações e fui entregue ao abatedouro! Fui eu a vítima, o injustiçado e o caluniado, e ele o zombador! Então, qual a razão da minha inquietude e angústia? Sinto vontade de brigar novamente ou abraça-lo covardemente! Por que devo perdoar alguém que me destratou e aderiu-me com discrepância? É incompreensível! E agora, do nada, transformei-me nisso: Num réu confesso, louco e arrependido! Tornei-me como meu agressor, um indivíduo tolo, vazio, queixoso, irritante, áspero e só! Estamos ligados ao outro, acusado e acusador, sendo recíprocos, cúmplices, irresponsáveis e durões!  Será que este meu agravante conseguirá me perdoar pelo que fiz a ele hoje? Ou não seria melhor que lhe ordenasse o perdão, quanto ao que fizera comigo antes? Estou violando as regras, os princípios, as leis e caindo em contradição! Achei-me de vítima, e agora, transformei-me num acusador! Inverteram-se os papeis! Tudo isto provém de meu vazio, consciência e sofreguidão! Este é o custo de não saber perdoar para ser perdoado!
Estou por conta do meu juízo, da minha amargura, da minha angústia, da minha arrogância e da minha chatice, olhando fixadamente para os trilhos da janela entreaberta! Não deveria ter brincado de Deus! Nem foi bom ter assumido o papel de juiz! Além de que, nem eu e nem ele somos julgadores, nem soberanos, nem árbitros, nem poderosos e nem perfeitos! Aprendi a lição! Devemos realmente perdoar para sermos perdoados! É a lei Divina! É a meretriz do perdão! Não nos tornemos castelos de pedra e nem depósitos de aflições! Perdoar pode até ser escândalo, fraqueza e covardia para muitos; mas a doçura, a leveza e o sossego da alma perdoada, engrandece, purifica, favorece e trás vida ao espírito! Assim, caminhemos na luta diária, numa só igualdade, em busca da evolução, da reconciliação, da pureza e da harmonia!!"
                                                                                   Gláucia Cardoso